Lego quer plástico à base de plantas em seus bloquinhos

A dinamarquesa Lego utilizou 77 mil toneladas de petróleo para fabricar 60 bilhões de blocos e outras peças em 2014

11/08/2015



A fabricante dinamarquesa de brinquedos Lego A/S está fazendo a primeira transformação em seus blocos coloridos desde 1963. Mas ainda vai demorar 15 anos e, se tudo correr como a empresa quer, ninguém vai notar a diferença.


Executivos estão montando uma equipe de cientistas para buscar uma alternativa de base biológica para o plástico derivado do petróleo usado há décadas para produzir as peças. Isso porque os populares blocos de montar são grandes contribuintes das emissões de carbono da Lego.

O processo deverá ser lento, estendendo-se até 2030, porque nenhuma das alternativas aos plásticos existentes hoje, como os produzidos com matérias-primas derivadas de plantas, atendeu as exigências da empresa para dar aos blocos da Lego sua aparência e tato característicos, disse Tim Guy Brooks, diretor sênior de sustentabilidade ambiental da empresa, em uma entrevista ao The Wall Street Journal.

“O prêmio final será não conseguir distinguir um bloquinho do outro” quando se compara os Legos antigos feitos de acrilonitrila butadieno estireno, ou ABS, com as novas preças que a empresa eventualmente espera produzir, disse Brooks.

E cada uma dessas peças, sejam os blocos básicos ou as peças giratórias de personagens que integram conjuntos, deve se unir com outras peças com uma precisão invariável.

Produzir Legos é um trabalho “incrivelmente preciso. Nós os modelamos até cerca de quatro milésimos de milímetro”, disse Brooks. O ABS é “muito durável, segura bem a cor [...] e ele tem até mesmo um som próprio.”

Com a queda contínua dos preços do petróleo, a Lego parece estar indo contra a corrente econômica para um negócio centrado no plástico. A atenção para plásticos baseados em produtos derivados de plantas cresceu significativamente há cerca de 10 anos, quando os preços do petróleo explodiram, levando as empresas a procurar alternativas aos produtos derivados do petróleo, diz Kent Furst, analista do Freedonia Group, uma empresa de pesquisa de mercado. Mas para muitos, a urgência desapareceu quando os preços começaram a cair.

Com um aumento de 15% no lucro em 2014, para 7,03 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 1,05 bilhão), e uma margem de lucro operacional de 24,6%, o custo será um motivador menor para a Lego do que o aumento da consciência do consumidor sobre questões ambientais.

Cerca de 55% de consumidores globais on-line afirmam que eles pagariam mais por produtos e serviços de empresas comprometidas com um impacto ambiental e social positivo, segundo pesquisa da Nielsen NV.

As empresas de produtos ao consumidor como a Lego possuem incentivos que vão além do custo porque elas “atendem o consumidor que se importa muito com as emissões de carbonos e todas as outras coisas ruins associadas ao desenvolvimento de derivados do petróleo e petroquímicos”, diz Furst.

A Coca-Cola Co., por exemplo, tem estudado o uso de matérias-primas à base de plantas para produzir suas garrafas plásticas. A empresa lançou no mês passado uma garrafa feita inteiramente de materiais vegetais, incluindo cana-de-açúcar, embora poderia levar anos até que a maioria dos consumidores veja essa garrafa nas prateleiras.

No Brasil, desde 2010 a Coca-Cola Brasil produz a chamada PlantBottle, garrafa PET com 30% de matéria-prima vegetal, com o etanol da cana substituindo parte do petróleo na composição do plástico, o que reduz em 25% as emissões de carbono, segundo informações da empresa. A Coca-Cola Brasil adota a garrafa PlantBottle em suas embalagens de Coca-Cola PET 500 e 600 ml nas maiores capitais brasileiras e nas garrafas de 500 ml de água mineral Crystal sem gás nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Furst diz que a Lego está melhor posicionada para liderar pesquisas sobre plásticos do que outras empresas, porque o plástico está no centro de seu negócio e a Lego é uma empresa integrada verticalmente. “Eles fazem um produto, e o produto que fazem é fabricado a partir de um tipo de plástico. Faz sentido que eles sejam capazes de se concentrar na invenção dos melhores materiais feitos a partir de vegetais”, diz ele.

A Lego, que usou 77 mil toneladas de petróleo para produzir 60 bilhões de blocos e outras peças para seus conjuntos em 2014, planeja recrutar 100 pesquisadores durante o decorrer do projeto.

Brooks disse que eles não descartarão nenhuma possibilidade em sua busca por alternativas, mas a Lego prefere que seu novo plástico seja derivado de materiais descartados, como talo de milho ou lixo agrícola “que não sirva para qualquer outra coisa”.

“É a coisa certa a se fazer para a Lego – combustíveis fósseis são recursos finitos e nós sabemos disso”, disse ele.

Fonte: The Wall Street Journal (17/07/2015)




Projeto inovador que cria blocos para calçadas entra em prêmio nacional

Pesquisa foi desenvolvida na UEMS de Dourados e pode servir de solução ecológica

25/11/2015



Um projeto da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), que utiliza resíduos de plástico na produção de blocos de concreto para calçamento, foi selecionado para a final do prêmio Santander Ciência e Inovação.


A edição deste ano do Prêmio Santander Universidades bateu o recorde histórico de 23.893 projetos inscritos, aumento de 19% em relação a 2014. A cerimônia de entrega do prêmio será realizada no dia 19 de novembro no Hotel Grand Hyatt – São Paulo.

Em meio a concorrentes de todo o Brasil, a trabalho é realizado pela equipe de pesquisadores da Instituição, Aguinaldo Lenine Alves, Antônio Aparecido Zanfolim, Dalton Pedroso de Queiroz e Rony Gonçalves de Oliveira.

SOBRE O PROJETO

A pesquisa intitulada “Estudo das propriedades mecânicas de pavers de concreto obtidos através da introdução de resíduos plásticos oriundos da indústria de embalagens” foi selecionada em primeiro lugar do Centro-Oeste, Norte e Nordeste e, agora, concorre em nível nacional com trabalhos de universidades do Sul e Sudeste.

O trabalho é voltado para o desenvolvimento de novos materiais para a indústria. Segundo o pesquisador Aguinaldo Lenine, o projeto utiliza resíduos plásticos de uma indústria douradense: “Nós desenvolvemos pavers, que são pequenos blocos de concreto para calçamento e incorporamos, na massa, resíduos de embalagens plásticas”, explicou o professor.

Os procedimentos foram realizados no Centro de Pesquisa de Materiais (Cepemat) da Universidade. De acordo com Lenine, “esse trabalho tem um apelo ambiental muito grande, pois tiramos aquelas embalagens do meio ambiente e damos uma aplicabilidade para elas, através de um processo de transformação do material, para que ele vire matéria prima”, explica.

A sacolinha é transformada em pellet, grãos de plástico, mais ou menos do tamanho de um grão de milho. Segundo Lenine, “nós tiramos o percentual de areia e acrescentamos de pellet. Se eu tirar 30% de areia, acrescento a mesma quantidade de pellet. Então, além de evitar o assoreamento dos rios, diminuindo a quantidade de areia extraída, também evitamos que essa sacola seja jogada no meio ambiente”, relata.

Outro aspecto positivo desse tijolo é que ele tem uma ótima capacidade de absorção, porque o pallet cria mais poros dentro do material, fazendo com que ele fique mais poroso e escoe mais rápido. Algumas peças até já foram usadas para construção de calçadas na UEMS.

Fonte: Correio do Estado (07/11/2015)


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