Pesquisadores da Embrapa desenvolvem filme plástico comestível

12/01/2015



Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram um filme plástico comestível que pode ser produzido a partir de alimentos como espinafre, mamão, goiaba e tomate. As características do produto (resistência, textura e capacidade de proteção), no entanto, são muito similares às de um papel-filme convencional.


A pesquisa foi desenvolvida pela Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (AgroNano) da Embrapa e recebeu investimentos de R$ 200 mil. Os trabalhos foram coordenados pelos pesquisadores Luiz Henrique Capparelli Mattoso e José Manoel Marconcini.

“É uma forma de processamento de alimento na forma de filme, mas eles têm características similares aos filmes convencionais, seja a diminuição da passagem de gases ou do contato com outros organismos. É algo que não deixa você ter contato direto com o alimento”, destaca o líder da Rede de Pequisa de Nanotecnologia para Agronegócio da Embrapa, Cauê Ribeiro.

Aves envoltas em sacos que contêm o tempero em sua composição, sachês de sopas que podem se dissolver com seu conteúdo em água fervente, goiabadas vendidas em plásticos feitos de goiaba, sushis envolvidos com filmes comestíveis no lugar das tradicionais algas, são algumas possibilidades imaginadas pela equipe da Embrapa para aplicar a nova tecnologia.

Os alimentos, usados como matéria-prima do filme, passam pelo processo de liofilização – tipo de desidratação em que, após o congelamento do alimento, toda a água contida é transformada do estado sólido diretamente ao gasoso, sem passar pela fase líquida. O resultado é um alimento completamente desidratado, mas com propriedades nutritivas.

O processo pode ser aplicado aos mais diferentes alimentos como frutas, verduras, legumes e até alguns tipos de temperos. Os pesquisadores adicionaram quitosana, um polissacarídeo formador da carapaça de caranguejos, com propriedades bactericidas – o que pode aumentar o tempo de prateleira dos alimentos.

“O tempo para chegar ao mercado depende muito do tipo de alimento o do tipo de parceria que a gente vai desenvolver com empresas. Temos de dar ênfase é no processo para fabricar esses itens”, destaca Ribeiro.

Fonte: Agência Brasil (11/01/2015)




Hidrogel contra a seca

04/04/2015



A ciência pode ser uma aliada poderosa na busca por soluções para a falta de chuvas. Com a redução das precipitações registradas nos últimos anos, crescem nos centros de pesquisa e nas universidades estudos para otimizar o uso da água. Um desses trabalhos é desenvolvido na Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, e pode representar avanço significativo para a agricultura, setor que mais consome o líquido no Brasil.


A tecnologia foi batizada de polímero hidrorretentor e tem obtido resultados positivos no plantio do café e na economia hídrica. Trata-se de um gel que, adicionado às mudas, serve como uma reserva de água em períodos de estiagem, melhorando a qualidade do solo e garantindo altos níveis de produtividade nas lavouras, mesmo com a redução das chuvas. Os cafeicultores sabem muito bem que as chuvas são insubstituíveis, mas esperam contar em breve com uma ferramenta a mais para o sucesso da colheita caso a água das chuvas não venha na medida certa.

No ano passado, em algumas regiões de Minas Gerais, maior estado produtor de café, houve perdas de até 30% da safra cafeeira, afetada pela baixa umidade e pela seca prolongada. O problema atingiu também outras unidades da Federação, reduzindo as colheitas para índices registrados na década de 1960. Devido à má distribuição de chuvas que tem ocorrido na maioria das áreas cafeeiras, há necessidade de se buscar tecnologia alternativa para manter a umidade no solo, evitando altos índices de replantio, o que eleva consideravelmente o custo de produção. Também no caso de lavouras adultas, técnicas que proporcionem um fornecimento de água mais bem distribuído podem evitar grandes perdas, como a que ocorreu na safra de 2014, explica o professor de agricultura da Ufla Rubens José Guimarães, responsável pela pesquisa. Os estudos com os polímeros que retêm água têm sido feitos para vários tipos de culturas. Segundo o pesquisador, nas plantações de eucalipto, os resultados foram positivos, e alguns produtores rurais no Brasil já começam a adotar a tecnologia.

No café, foram encontrados efeitos positivos, desde a formação da muda até a implantação da lavoura. Observou-se que o uso de polímero tem permitido a reposição de água no solo, de forma mais espaçada, sem que as plantas apresentem sintomas de estresse hídrico. Cafeicultores em Minas já usam o polímero, porém, para a utilização em larga escala, são necessários estudos que possam garantir um sistema eficiente e econômico, explica Guimarães. A expectativa é que, com a conclusão dos trabalhos na universidade, o método seja mais difundido entre os cafeicultores nos próximos dois anos.

Nutrientes

O desenvolvimento dos polímeros à base de hidrogéis, além de ajudar a otimizar de forma sustentável a disponibilidade de água para a planta, melhora também a dissolução de nutrientes essenciais para o crescimento das mudas e a drenagem do solo. Os mais usados são os classificados como sintéticos, mas existem também polímeros floculantes, que são utilizados em fraldas e outros artigos sanitários.

A opção pelo uso de géis como armazenadores de água baseia-se na facilidade que as plantas têm de extrair a água do polímero. Isso foi evidenciado em trabalhos que destacaram crescimento das raízes por dentro dos grânulos do polímero hidratado, promovendo maior superfície de contato entre as raízes, a água e os nutrientes, conta Guimarães.

O sucesso da técnica, no entanto, depende também das condições do solo e das características da região em que é adotada. As propriedades físico-químicas do solo, ou mesmo condições climáticas locais, podem estar relacionadas à eficiência dos polímeros hidrorretentores, o que também demanda novos trabalhos e pesquisas, diz o pesquisador. Ele ressalta que, apesar de as novas tecnologias permitirem a ampliação das áreas para o cultivo do produto, não é somente a disponibilidade de água que define uma região como apta ao cultivo do café, uma vez que são levados em conta a temperatura local e outros fatores. O estudo de polímeros voltados para a agricultura desenvolvido na Ufla tem apoio do Consórcio Pesquisa Café, que reúne várias instituições de pesquisa e é coordenado pela Embrapa.

O uso de polímero tem permitido a reposição de água no solo, de forma mais espaçada, sem que as plantas apresentem sintomas de estresse hídrico.

Rubens José Guimarães, professor de agricultura da Ufla.

Fonte: Cenário MT (30/03/2015)


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