Aumento do custo de importação do PE torna a desoneração da folha de pagamento sem efeito

10/02/2014


A decisão do governo federal de elevar a alíquota de importação do polietileno (PE) de 14% para 20%, taxa mantida durante um ano entre 2012 e 2013, anulou os ganhos da indústria plástica nacional com a desoneração da folha de pagamento. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a desoneração possibilitou uma redução de 0,5% no custo da mão de obra, valor totalmente absorvido pelo aumento de aproximadamente 3% no custo do produtor com a compra de matéria-prima. Os insumos representam 50% dos custos produtivos do setor de transformados plásticos, segundo a entidade.


"Neste período, os possíveis ganhos ou reduções no custo do transformador de plástico decorrente da desoneração da folha foram absorvidos pelo aumento do preço de uma das principais matérias-primas utilizadas pelo setor", destacou em nota o presidente da Abiplast, José Ricardo Roriz Coelho. O polietileno representa 39% do total de resinas termoplásticas consumidas no Brasil.

A despeito da elevação de seis pontos porcentuais na alíquota de importação do PE, em vigor a partir de outubro de 2012, a indústria plástica abriu 3.850 vagas em 2012, número que subiu para 4.888 postos no ano passado. Ao final de dezembro, a indústria de transformação plástica era composta por 352.704 empregados formais.

"Para que os efeitos positivos relacionados à medida de desoneração da folha sejam majorados, entendemos que ela deve tornar-se perene, para que o empresário tenha certeza de que pode alterar sua estratégia de contratação", ponderou Roriz.

A desoneração da folha de pagamentos substituiu a contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamentos para uma cobrança de 1% sobre o faturamento. Apesar da redução do custo com o pagamento dos funcionários, a produção do setor cresceu menos de 2% em 2013, situação que deve se repetir neste ano, conforme estimativas da Abiplast.

Fonte: A Tarde (05/02/2014)




Reajustes opõem Braskem e transformadores

10/02/2014



A elevação dos preços domésticos das resinas termoplásticas elevou a tensão entre transformadores plásticos e a Braskem, maior petroquímica das Américas. De um lado, os compradores de polietileno (PE), polipropileno (PP) e PVC da petroquímica afirmam que houve aumentos em janeiro e fevereiro, com nova rodada já anunciada para o mês que vem. A Braskem, por sua vez, diz que segue à risca a política comercial de acompanhar a variação dos preços internacionais e há neste momento, inclusive, defasagem nessa comparação.


De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), que reúne os transformadores de plásticos, a petroquímica teria aplicado um aumento médio de 6% em janeiro, outro de 8% em fevereiro e anunciado um novo reajuste para março, em média de 4%. Já a companhia diz que haverá um aumento de 3% a 4% nos preços domésticos das resinas em fevereiro, numa tentativa de reduzir a defasagem de 8%, acumulada em 90 dias, em relação os preços internacionais da matéria-prima.

Nesse período, tomando como base os valores de outubro, as cotações do PE, do PP e do PVC produzidos pela Braskem, de acordo com o vice-presidente da área de Poliolefinas e Renováveis da companhia, Luciano Guidolin, variaram entre decréscimo de 0,5% e aumento de 3,1%, enquanto no mercado internacional, considerando-se a variação cambial, a alta foi de até 10%. Sem o efeito do câmbio, essas cotações variaram de -0,5% a 2,3% no intervalo.

Segundo ele, para março, ainda não há política de preços anunciada. "Vamos observar a flutuação dos preços no mercado internacional", diz. "Os valores colocados pela Abiplast não estão corretos e me surpreende não haver comentário sobre os meses de outubro e novembro, quando houve queda dos preços da Braskem".

Do lado dos transformadores, as associadas à Abiplast têm promovido reuniões extraordinárias para avaliar o cenário de preços e o momento "dramático" do setor, segundo o presidente da entidade, José Ricardo Roriz Coelho. Atualmente, afirmou, a rentabilidade dos transformadores de plásticos é em média 30% inferior à da indústria de transformação brasileira em geral. "Não queremos importar matéria-prima. Queremos preço local competitivo", afirma.

Segundo ele, hoje, os preços domésticos das resinas embutem um prêmio que varia de 30% a 40% em relação às cotações internacionais. Essa diferença, explica, deve-se à "incorporação" de impostos e outros gastos que incidem sobre a matéria-prima importada ao preço da resina produzida no Brasil. Guidolin, porém, defende que não é correta a comparação entre preços de exportação de outros países e valores domésticos praticados no Brasil. "O certo é olhar preço interno. Os preços domésticos do Brasil são semelhantes aos preços internos na Europa", afirma.

Nos últimos meses, as cotações internacionais das resinas subiram mais por causa do câmbio do que por algum desequilíbrio entre oferta e demanda, na avaliação de Roriz. E esse movimento foi prontamente acompanhado pela Braskem. "Mas, no Brasil, os aumentos são potencializados pelo câmbio, uma vez que a resina é dolarizada", ressalta. Uma possível alternativa para os transformadores, que produzem desde copos plásticos até peças inteiras para automóveis, seria importar mais resina. A conta final, porém, pode resultar em valores semelhantes aos praticados pela Braskem quando incluídos todos os gastos para internação do insumo, além de imposto de importação e eventuais medidas antidumping, conforme Roriz.

Na avaliação da Braskem, a queixa dos transformadores não reflete a realidade da indústria, se observado o crescimento de 8% na demanda por resinas da companhia na comparação com 2012. "A demanda foi 8% superior refletindo a melhora da indústria", diz. A petroquímica destaca ainda que a importação expressiva de resinas mostra que o mercado brasileiro é aberto. "Não há barreiras à importação", diz Guidolin, referindo-se à crítica da Abiplast à adoção de medida antidumping provisória para as importações de PP da África do Sul, Índia e Coreia do Sul.

Conforme a entidade, a medida representa 6% de acréscimo no preço do PP proveniente desses três países. "Coreia, África do Sul e Índia são os únicos com capacidade produtiva de PP que permite exportação, além dos Estados Unidos, que já foram alvo de antidumping", afirma Roriz. A Braskem, por sua vez, diz que há outras origens relevantes, como o Oriente Médio.

No ano passado, a produção física nacional de transformados plásticos alcançou 6,66 milhões de toneladas, com alta de 0,13% frente ao ano anterior - a previsão, contudo, era de crescimento de 1,6%. O faturamento do setor, por sua vez, somou R$ 66,9 bilhões, o equivalente a expansão de 7%.

Fonte: Portos e Navios (10/02/2014)


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