Por que a capacidade de produção de plástico barato está aumentando
Uma série de investimentos em novas fábricas nos Estados Unidos, China e Oriente Médio deu novo impulso à produção do material
10/01/2018
A esmagadora maioria dos plásticos consumidos no mundo são produzidos a partir de combustíveis fósseis, ou seja, vêm de petróleo, gás natural e carvão mineral. Um relatório publicado em setembro de 2017 pelo Center for International Environmental Law, organização americana que monitora questões ambientais, alerta que o aumento da disponibilidade do gás natural está impulsionando uma grande ampliação da capacidade de produzir plástico no mundo.
Nos Estados Unidos, há planos de se investir, até 2023, US$ 164 bilhões na criação ou expansão de 264 novas fábricas. Somado a outros investimentos mundiais, em especial na China, na Europa e no Oriente Médio, a expectativa é de que a capacidade de produção de plástico dê um salto de entre 33% e 36%, em menos de 10 anos.
Mesmo se apenas uma parcela dessa capacidade extra for utilizada, o material, que atualmente é abundante nas economias industrializadas, tende a se tornar ainda mais barato e disponível, na forma de embalagens descartáveis, pneus, peças de computadores, brinquedos, sacolas etc.
Essa matéria-prima extraída do fundo da terra não se biodegrada, e tende a se acumular na superfície do planeta, seja nos oceanos, em depósitos de lixo, ou na forma de pequenas partículas suspensas no ar. Por isso, configura um problema ambiental de difícil solução.
O mercado de plástico
Os principais plásticos utilizados pela indústria no mundo são polietileno (32% do total), polipropileno (23%), PVC (16%), poliestireno (7%) e PET (7%). Esses plásticos são, por sua vez, produzidos a partir de duas substâncias, o etileno e o propileno, que são produzidas pela indústria petroquímica e vendidas para outras indústrias na forma de commodities, ou seja, como produtos básicos padronizados.
Essas matérias-primas podem vir, por sua vez, da nafta, um subproduto do refino do petróleo, e do GNL (gás natural liquefeito), um subproduto da extração de gás natural, ou a partir do carvão natural. Por isso, a indústria dos combustíveis fósseis e do plástico estão interligadas.
A nafta é usada principalmente na Europa e no Oriente Médio, mas também no Brasil, e o GNL é usado principalmente na América do Norte. A China produz plásticos principalmente a partir do carvão natural extraído em seu próprio território.
O gás de xisto e o plástico nos EUA
Nos últimos anos, o gás natural se tornou um produto abundante nos Estados Unidos, principalmente devido ao desenvolvimento da técnica do fraturamento hidráulico (“fracking”). Ela consiste em usar água em alta pressão para quebrar rochas subterrâneas, em especial o xisto, o que leva à liberação do gás. A técnica pode ser também utilizada para explorar o petróleo retido nessas pedras, e foi uma das grandes responsáveis pela queda dos preços do combustível a partir de 2008.
Segundo o trabalho do Center for International Environmental Law, tanto a indústria de combustíveis fósseis como a do plástico veem a queda dos preços do GNL (gás natural liquefeito) como “uma oportunidade que só aparece em uma geração” que pode levar a “um renascimento” da indústria norte-americana do plástico. O gás natural de xisto vem sendo produzido em diversas áreas do país, e os principais estados produtores são Texas, Califórnia e Louisiana.
A queda dos preços do GNL nos Estados Unidos tem repercussões globais. O gás liquefeito vem sendo exportado por meio de navios para a Europa, gerando novos investimentos na indústria de plástico local, que é em geral baseada na nafta. O preço do gás de xisto tem sido utilizado como base da cotação do preço do gás extraído no México, por meio de outras técnicas. Consequentemente, o preço deste também fica mais baixo.
Em 2015, a petroquímica brasileira Braskem, controlada pelo Grupo Odebrecht e pela Petrobras, afirmou que o barateamento aumentava a competitividade de uma megafábrica de polietileno inaugurada no Golfo do México no final daquele ano. Ela teve custo de US$ 5,2 bilhões, dos quais US$ 700 milhões vieram de financiamento do BNDES. A Braskem também possui uma fábrica de polietileno e outras cinco de propileno nos Estados Unidos.
O plástico na China e no Oriente Médio
A China é, atualmente, o maior produtor de plásticos da Ásia. O país usa o carvão mineral como matéria-prima e, apesar de os custos dessa produção serem maiores em comparação com o gás de xisto ou mesmo a nafta, os investimentos continuam em ritmo acelerado, e a produção de propileno deve aumentar 6,9% por ano, até 2025.
Citado pelo Center for International Environmental Law, um relatório de 2016 da consultoria Icis (sigla em inglês para Serviço Independente de Informações sobre Substâncias Químicas), aponta que os incentivos estatais para a construção dessas novas fábricas têm como objetivo criar empregos ao fomentar em uma ponta a extração de carvão e, na outra, a indústria de processamento de plástico.
O Oriente Médio, por outro lado, dominou a expansão da capacidade de produção de plásticos entre 2008 e 2016. Esse aumento da capacidade, somado às perspectivas de expansão da produção nos Estados Unidos e na China, parece ter freado os investimentos em novas fábricas. Apesar disso, “esse investimento pesado recente em infraestrutura de produção de plástico levará a manutenção de incentivos para que o Oriente Médio mantenha e amplie sua produção de plástico e novos mercados para o produto”, afirma o relatório da organização americana.
O impacto sobre o meio ambiente
O plástico sintético surgiu no início do século 20. A partir dos anos 1950, passou a ser utilizado em larga escala na indústria. O material, em suas muitas variedades, ganhou espaço e se tornou onipresente: foram 380 milhões de toneladas produzidas apenas em 2015.
Poucos fungos e bactérias são capazes de biodegradá-lo. E por isso a maior parte do plástico está se acumulando na natureza desde que o material começou a ser produzido em larga escala. O aumento da produção anual de plástico significa que o ritmo desse acúmulo sobre a superfície do globo tende a se acelerar.
Em entrevista ao Nexo, Ariel Sheffer, pesquisador de zoologia marinha do Instituto Federal do Paraná e membro da Associação Mar Brasil, destaca que cerca de 85% do plástico produzido todo ano não é reciclado, e 10% chega aos oceanos. Um estudo divulgado no início de 2016 pelo Fórum Econômico Mundial afirma que,se o consumo de plástico continuar crescendo no ritmo atual, os oceanos do planeta terão mais plástico do que peixes, em peso, no ano 2050.
Grandes massas de plástico flutuante já fazem parte da paisagem oceânica. Uma das formações mais famosas do tipo é a Grande Porção de Lixo do Pacífico, uma aglomeração que se forma entre a altura do Havaí e da Califórnia e se estende até a costa do Japão. Apesar de o nome passar a ideia de que se trata de uma espécie de ilha caminhável, a Porção de Lixo do Pacífico é na verdade uma área com concentração particularmente alta do material.
Sheffer afirma que animais como tartarugas marinhas confundem pedaços de plástico com alimento e os ingerem. Animais como peixes, pássaros e répteis podem se enroscar no lixo flutuante e morrer.
Com o tempo, o plástico tende a se quebrar com a ação de forças da natureza, como as marés e os raios ultravioleta. As partículas que chegam a menos de 5 micrômetros, ou um metro dividido por um milhão, são chamadas de microplásticos. Elas são um problema para o meio ambiente e, potencialmente, para a saúde humana.
Traços de microplástico vêm sendo encontrados em meio a grãos de sal vendidos no mercado, em moluscos, em peixes, na cerveja, no mel, na água das torneiras e no ar. Isso significa que a humanidade está ingerindo o material, apesar de se saber pouco sobre seu efeito sobre a saúde humana.
Indústria do plástico afirma que alternativas seriam piores
Em nota publicada em dezembro de 2017 pelo jornal britânico The Guardian, Steve Russell, vice-presidente do setor de plásticos do Conselho Americano de Química, afirmou que plásticos “nos permitem fazer mais com menos em quase todas as facetas da vida e do comércio. De reduzir o empacotamento a viabilizar carros mais leves, até viver em casas mais eficientes em termos de uso de combustíveis, os plásticos nos ajudam a reduzir o consumo de energia, emissões de carbono e desperdício”.
Russell cita um estudo de 2016 do próprio Conselho Americano de Química. O trabalho reconhece que o plástico traz uma série de problemas ambientais, mas argumenta que os custos ao meio ambiente seriam ainda maiores se o material fosse substituído na indústria por alternativas como alumínio, papel e vidro, que poderiam cumprir as mesmas funções no empacotamento e na fabricação de produtos.
Em sua entrevista ao Nexo, Sheffer avalia, no entanto, que a poluição poderia ser diminuída com um consumo menor e mais consciente, e por medidas regulatórias que obrigassem os produtores de plástico a se responsabilizarem pela reciclagem do material, sob a pena de multas. Ele acredita que isso contribuiria também para a geração de empregos. “Os grandes produtores não darão um passo à frente sobre reciclagem sem regulação.”
Fonte: Nexo Jornal (28/12/2017)
Exportação de janeiro foi recorde para o mês
Embarques brasileiros somaram US$ 16,968 bilhões no primeiro mês do ano, o melhor resultado para o período na série histórica. Balança teve superávit de US$ 2,768 bilhões, melhor saldo desde 2006.
15/02/2018
O Brasil exportou US$ 16,968 bilhões em janeiro, valor recorde para o primeiro mês do ano desde o início da série histórica, em 1989. Pela média diária (US$ 771,3 milhões), o resultado superou em 13,8% as vendas externas de igual mês do ano passado, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
A pasta divulgou os dados da balança comercial nesta quinta-feira (01). O saldo ficou positivo em US$ 2,768 bilhões, o melhor resultado para janeiro desde 2006. No mês passado, o Brasil importou US$ 14,199 bilhões, crescimento de 16,4% sobre janeiro de 2017, pela média diária (US$ 645,4 milhões).
Cresceram as vendas externas em todas as categorias: manufaturados (23,6%), básicos (11,2%) e semimanufaturados (1,1%).
De acordo com a pasta, no grupo dos manufaturados cresceram principalmente as exportações de aviões, óleos combustíveis, açúcar refinado, maquinas para terraplanagem, pneumáticos, polímeros plásticos, laminados planos, óxidos e hidróxidos de alumínio, tubos flexíveis de ferro e aço, autopeças e automóveis de passageiros.
No grupo dos básicos, os destaques foram as vendas de algodão em bruto, fumo em folhas, milho em grão, soja em grão, carne bovina e petróleo bruto. Já nos semimanufaturados, puxaram o crescimento os catodos de cobre, madeira serrada, ferro fundido, semimanufaturados de ferro e aço, ferro ligas e celulose.
Do lado das importações, cresceram em janeiro as compras de combustíveis e lubrificantes (96,3%), bens de consumo (19,2%), bens de capital (11,4%) e bens intermediários (5,8%).
Para o Oriente Médio, as exportações avançaram 5,7% no mês passado, somando US$ 911 milhões. O MDIC destacou os embarques de milho em grão, soja em grão, ouro em forma semimanufaturada, bovinos vivos, tubos de ferro fundido, celulose e máquinas para terraplanagem.
No sentido contrário, aumentaram 35% as compras brasileiras na região, somando US$ 451 milhões, principalmente por conta de petróleo bruto, gás natural, querosene de aviação, polímeros plásticos, cloreto de potássio, adubos e fertilizantes, enxofre, alumínio em desperdícios, compostos heterocíclicos, chapas de plástico, desperdícios de cobre e chumbo em bruto.
Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe com informações da Agência Brasil (01/02/2018)
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